Resumo
Objetivo: Analisar o nível de atividade física de um grupo de mulheres residentes numa região de baixo nível socioeconômico e relacionar esta variável com escolaridade, auto-percepção de saúde, idade e horas diárias
de trabalho. Métodos: Sessenta mulheres adultas e idosas (média de idade
51,3 ± 11,0 anos) atendidas pelas Unidades Básicas de Saúde do bairro do
Capão Redondo (São Paulo - SP) foram encaminhadas para participar de
um programa de exercício e convidadas a responder a um questionário sobre
nível de atividade física. Resultados: A maioria dos sujeitos (73,4%) avaliou
sua saúde como boa, muito boa ou excelente. Noventa e seis por cento dos
sujeitos apresentaram nível suficiente de atividade física, mas apenas 48,3%
costumavam praticar atividades intensas. Apenas o tempo de escolarização
exerceu influência positiva sobre a prática de atividade física intensa (p = 0,02). Este tipo de atividade foi 3,89 vezes mais provável de ocorrer em indivíduos com mais de 8 anos de estudo. A maioria dos sujeitos fez uma boa autoavaliação de saúde, porém os que avaliaram sua saúde como ruim ou regular apresentaram tendência a não praticar atividade física intensa. Conclusão: Nossa amostra foi considerada fisicamente ativa e o tempo de escolarização exerceu influência positiva sobre a prática de atividade física intensa. Nossos resultados diferem dos estudos anteriores quanto ao percentual de sujeitos ativos e à influência de outras variáveis na prática de atividade física.
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