Resumo
O projeto e a construção do conjunto habitacional do Cajueiro Seco, realizado em Recife, durante dos anos de 1963 e 1964, alcançou grande repercussão devido a sua proposta inovadora que incluía reforma urbana, práticas participativas, progresso tecnológico e valorização das características regionais. Apesar de interrompido pelo golpe militar em 1964, ainda é visto como uma experiência incomparável do ponto de vista arquitetônico, em especial da arquitetura moderna brasileira. Embora este projeto tenha ocorrido em um período no qual ainda não se utilizava o termo desenvolvimento sustentável, se analisados seus aspectos sob a ótica da sustentabilidade, várias interfaces podem ser encontradas. O estudo tem como objetivo compreender acerca dessas relações, a partir da teoria das dimensões da sustentabilidade desenvolvida pelo economista polonês Ignacy Sachs. De abordagem qualitativa, e de natureza bibliográfica, exploratória e descritiva, o presente artigo tem como propósito final apontar as contribuições desta experiência para a sustentabilidade. Os resultados apontam que diversos aspectos do projeto, se analisados sob a ótica da sustentabilidade, podem trazer grandes contribuições para o conceito de Desenvolvimento Sustentável, e servir de referência para projetos urbanísticos e arquitetônicos mais sustentáveis. O estudo finaliza com a percepção de que um projeto dessa natureza poderá gerar há muitos ganhos: a população envolvida nas moradias, a comunidade no entorno do projeto, a economia local, o meio ambiente no entorno, a cultura local e a política.
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